sábado, 18 de março de 2017

Trekking Cascata das Andorinhas, Chuvisqueiro e 3 Quedas - 1/2

No feirado de carnaval me programei para conhecer aquela que talvez seja uma das quedas d'água mais linda do Brasil: a Cascata das Andorinhas, na cidade de Rolante. Tomei conhecimento dessas maravilhas fazendo uma pesquisa sobre as cachoeiras mais bonitas do Rio Grande do Sul. Bah (como dizem aqui no sul em tom de espanto rsss...)!!!  A primeira é uma cachoeria ou cascata (há muita controvérsia quanto ao uso desses termos) que deságua em uma gruta sem teto... isso mesmo... o teto dessa gruta são árvores que crescem por cima dela (que viagem rsss). A cascata recebe esse nome devido a grande quantidade de andorinhas que lá se abrigam.

Então, folgas negociadas no trabalho, fui traçando o roteiro para essa aventura. Novamente as minhas principais ferramentas foram o Google, Google Maps, TripAdvisor e também o Facebook/Youtube por onde tirei dúvidas sobre o roteiro com usuários que já haviam ido ao local.

Feito isso, projetei o seguinte roteiro:

1) Sair de Rio Grande (morava nessa cidade na ocasião) no sábado as 2h da manhã e chegar em Porto Alegre (PoA) lá pelas 7h (tempo de viagem entre 4 a 5h de ônibus),

2) De lá pegar um ônibus para Riozinho, saltando em Alto Rolante (cidade mais próxima do meu primeiro destino),

3) Ir caminhando de Alto Rolante até o meu destino de maior interesse... a indescritível Cascata das Andorinhas (a mais linda que já vi em vida) e por lá pernoitar fazendo um camping selvagem,

4) De lá faria outro trekking até a Cascata do Chuvisqueiro, onde aproveitaria para conhecer também as 3 Quedas, realizando duas pernoites no camping mais próximo.

Para o trekking até as Andorinhas tracei um roteiro do no Google Maps com tempo estimado de caminhada. Para se realizar um camping selvagem é preciso estar bem programado afim de se montar barraca ainda com a luz do sol (armar a barraca no meio da mata a noite não é legal).


Roteiro 1 - Utilizando o Google Maps foi possível traçar e estimar o tempo de caminhada da pequena cidade de Alto Rolante até a Cascata das Andorinhas. Geralmente o Maps superestima o tempo em uma média de 1 hora.


Roteiro 2 - Com o Google Maps também foi possível estimar o tempo que levaria da Cascata das Andorinhas até o anexo da Cascata do Chuvisqueiro e 3 Quedas.

Terminei de preparar a mochila na véspera dessa aventura (mania de deixar tudo pra última hora hehehe). Dei atenção especial aos itens de proteção contra chuva e tentei levar a menor quantidade de roupas possível (os meus ombros agradecem). O mais divertido é que o povo aqui do RS é mais receptivo e hospitaleiro do que imaginei... e no ponto de ônibus, esperando o taxi para a rodoviária (2:00am), alguns moradores que dividiam um chimarrão na calçada me perguntaram onde iria acampar e me desejaram bom camping. Percebi que aqui o pessoal tem muito amor pela natureza e atividades ao ar livre. 



Na mochila foi apenas o essencial. Destaque para proteção contra chuva (foto superior) e camisas térmicas para o frio e sunga e bermuda para banho (foto inferior). 

Chegando na rodoviária de PoA segui em outro ônibus para Riozinho, passando por belas cidades e desembarcando no trevo de Alto Rolante. Desse ponto iniciei o trekking até a Cascata das Andorinhas, em um percurso bem sinalizado, onde contei com uma curta carona no meio do caminho até um camping local (economizando cerca de 40 minutos de caminhada). De lá segui a pé.


Parte mais tranquila do trekking. Nesse ponto surgiu uma carona que economizou um bom tempo de caminhada... 

Mata adentro, parando para fotos e admirando a beleza da mata fechada, esqueci de focar no principal: montar a barraca. Quando dei conta disso já estava escuro (na mata fechada sempre escurece mais cedo e cheguei perto a cascata já no final da tarde)  e precisava achar um local ideal o quanto antes para pernoitar. 

Já escuro e precisando fazer uso de lanterna (e um milhão de insetos ao redor da mesma), o melhor local era na beira do rio (nunca se deve fazer essa opção mas não tive escolha).



A mata vai se fechando em alguns pontos e visualizei apenas dois locais para armar a barraca: um bem no começo que cabem duas ou três barracas para até 2 pessoas e um na beira do rio (nunca é a melhor opção).

As tentativas de fazer uma pequena fogueira para espantar os insetos foi frustrada devido a extrema umidade do loca, coisa que só consegui fazer no dia seguinte. O som da água batendo nas pedras e dos animais fez aquela noite algo especial em um memorável céu estrelado (pena que nem todos compartilham dessa mesma percepção).

Após uma noite mal dormida devido ao frio (acabei optando por usar o saco de dormir como travisseiro) e receio de um aumento no fluxo de água do rio, as 6h da manhã acordei, desmontei a barraca e segui em direção ao meu principal objetivo: A magnífica Cascata das Andorinhas.



Acordando bem cedo para seguir até a Cascata das Andorinhas.



 
Água turva e pedras escorregadias pelo caminho. Posição por GPS indicando o ponto em que foi montada a barraca (círculo verde) e a nossa caminhada mata adentro até a Cascata das Andorinhas (círculo vermelho).

Chegando você fica maravilhado com a cascata e o espetáculo que as andorinhas fazem em seu interior logo cedo. O barulho delas voando e cantando ecoa por dentro da "gruta", disputando atenção com o som da queda d'água nas pedras em toda a extensão do rio. Algo espetacular!!!





Entrada da cascata.

A sua água é muito fria, mesmo em dias quentes, o que torna o mergulho algo agradável apenas no verão. A piscina que se forma embaixo da queda parece ser bastante profunda e o o seu interior possui pedras que machucam os pés. Dentro d'água há peixes pequenos e curiosos que, com a sua presença, te rodeiam para no menor movimento se afastarem.




Ponto alto da primeira parte dessa aventura: Chegada na "gruta" onde fica a cascata (foto 1), tirando aquela foto clássica (foto 2) e aproveitando para dar um mergulho (foto 3)


Depois das fotos e um mergulho, começou a chegar mais pessoas (a cascata era exclusiva minha até então) e percebi que já era hora de partir para o próximo compromisso: a Cascata do Chuvisqueiro. Segui no caminho que levaria para lá... mas essa já história para a segunda parte...

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VÍDEO DESSA AVENTURA!!!
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Trekking Cascata das Andorinhas, Chuvisqueiro e 3 Quedas - 2/2

Da Cascata da Andorinha até o Chuvisqueiro foi outro trekking de ~1 a 2 horas. Bem no final foi oferecida uma carona que gentilmente recusei pois a ideia era justamente caminhar. O mais legal foi quando de longe pude avistar toda magnitude da Cascata do Chuvisqueiro.



Ver de longe a Cascata do Chuvisqueiro serviu como estímulo na caminhada. 

A cascata do chuvisqueiro, possui uma deslumbrante queda d'água de 70 a 80 metros, um poço de 9 m de profundidade e está 950 m acima do nível do mar. A formação desse ambiente é resultado de uma longa ação do tempo. Há cerca de 150 milhões de anos, no período Jurássico, a região era um grande deserto, o Botucatu. As enormes dunas foram cobertas por lava vulcânica e, com as chuvas, surgiram os cursos d’água.



Cascata do Chuvisqueiro

Há placas avisando quanto ao perigo de afogamento. Lá há dois campings razoavelmente estruturados: o primeiro, logo na entrada, te dá acesso gratuito apenas a Cascata das 3 Quedas, sendo necessário pagar uma taxa para utilizar a parte inferior da Cascata do Chuvisqueiro (pertence a propriedade do outro camping) e um segundo, logo adiante, que você tem acesso tanto a parte inferior da Cascata do Chuvisqueiro (a parte superior é uma reserva de visitação liberada, não podendo ser cobrada) como também a Cascata das 3 Quedas. Aliás, a trilha que leva a essa última cascata é só aventura.



Sinalização na Cascata do Chuvisqueiro.



De barraca montada no camping.

Claro que optei pelo segundo camping, que oferecia acesso as duas cascatas. De barraca montada visitei a parte debaixo do chuvisqueiro e depois as 3 Quedas (não sei se a sequência foi exatamente essa)... dormi cedo para aproveitar ao máximo o outro dia.

Acordei bem cedo no dia seguinte e logo fui curtir a Cascata do Chuvisqueiro. Primeiro na parte de baixo, onde tirei inúmeras fotos. Não mergulhei pois a água ainda estava muito gelada naquele primeiro horário da manhã.



Cascata do Chuvisqueiro ainda sem sol e com a água muito fria por estar muito cedo ainda.


Na parte de cima da queda d'água batia bastante sol e isso foi um convite ao mergulho. Aliás, ali é uma atração à parte pois no alto dessa cascata formam-se inúmeras piscinas naturais e há uma vista fantástica para todo o vale.





Curtindo a parte de cima da Cascata do Chuvisqueiro.

Depois de vários mergulhos e fotos em cima da cascata, foi hora de descer e fazer o mesmo embaixo. O legal é que dentro do lago que se forma logo abaixo da queda d'água há algumas pedras que possibilitam o mergulho... e principalmente, bem embaixo da queda há algumas pedras que possibilitam você tomar literalmente uma ducha natural forte, BEM FORTE RSSS.

Já no final da manhã retornei a barraca para comer algo, para em seguida explorar a Cascata das 3 Quedas por uma trilha alucinante. Nadei bastante nas 3 Quedas e depois decidi subir uma trilha muito íngreme, que leva a parte de cima das 3 Quedas... foi preciso muita atenção pois a trilha estava muito perigosa, inclinada, com muitos obstáculos, espinhos, insetos e vários pontos com risco de deslizamento devido as chuvas que castigaram a região alguns meses antes.



Essa trilha é só aventura (rss) depois da enchente de janeiro de 2017. Fiz descalço, o que me rendeu inúmeros machucados.



Eis a Cascata das 3 Quedas. Parte inferior.





Parte de cima da Cascata das 3 Quedas.

Final da tarde, fui para a barraca dormir e me preparar para madrugar no dia seguinte... ainda bem pois havia chegado ao camping um grupo de jovens bem barulhentos, que não condiz com a filosofia de quem procura esse tipo de local.

Fim de aventura, barraca desmontada, é retornar para casa. Negociei com o dono do camping a ida de carro até a pequena cidade de Rolante (~5000 habitantes) e de lá peguei um ônibus para a cidade de Taquara, para enfim seguir para Porto Alegre e depois Rio Grande.

 
Passagem comprada de Rolante para Taquara. Todas as coisas boas coisas da vida possuem um fim... infelizmente.

  
A estação rodoviária de Taquara me agradou bastante. Local muito limpe e bem cuidado. Melhor do que a rodoviária de muita capital... lá até provei o melhor cappuccino que já tomei.
 

Essa foi uma das aventuras mais marcantes da minha vida e por razões pessoais que prefiro não comentar. Certamente será uma lembrança sempre forte e intensa em minha memória. Esse tipo de aventura nos dá um entendimento maior do quanto devemos aproveitar os momentos únicos, com pessoas especiais... em nossa vida. Momentos esses que jamais poderão ser repetidos, pois eles sempre serão únicos pelas suas particularidades

Abraço e até o próximo caminho.

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