terça-feira, 7 de agosto de 2018

Minhas férias em El Chaltén (julho de 2018) - Parte 1

Dentre todos os lugares do mundo, nunca vi uma paisagem mais bonita do que aquela que tem a montanha Fitz Roy, na patagônia argentina. A primeira vez que vi uma foto dessa montanha pensei comigo que não existe no mundo lugar mais bonito. Empolgação ou exagero posto de lado, o fato é que as paisagens desse lugar são de extrema beleza e isso é unanimidade.

Atualmente moro próximo da Argentina e um voo para a sua capital Bueno Aires, partindo da minha cidade, é mais barato do que para muitas cidades do Brasil. Aproveitando essa facilidade comecei a programar a minha ida para  El Chaltén, cidade que está aos pés dessa montanha incrível chamada Fitz Roy.

Antes dessa aventura programei passar uma semana na minha cidade natal Vitória, no Estado do Espírito Santo. Precisa matar a saudade do meu filho e meus cachorros que lá vivem (ver vídeo abaixo). Depois de curtir Vitória, (Vix), voltaria para Porto Alegre (PoA) e de lá voaria para El Chaltén. Logo, iria sair de um calor de 33°C de Vix para cair nos 0°C (cheguei experimentar sensação térmica de -11°C) de El Chaltén, tendo apenas um período intermediário de 3 dias para uma possível "aclimatação" em PoA (fazia 6°C nesse inverno aqui na capital gaúcha).



Eu matando a saudade da cidade em que cresci e me criei, antes de me aventurar nas trilhas de El Chaltén. Em Vix cheguei a pegar 33°C de calor intenso antes de ir  para o inverno da Patagônia.


As passagens comprei pela Decolar, optando pelas Aerolíneas Argentinas, que ficaram muito mais baratas do que pela brasileira GOL (economia de R$1000,00). A passagem era para El Calafate (ECa), passando por Buenos Aires. De ECa tomaria um ônibus para El Chaltén, uma vez que a pequenina cidade não possui aeroporto. O meu retorno seria dia 1, chegando em Porto Alegre no dia 2 de agosto. A reserva foi via Booking.com e programei um hostel em El Calafate para pernoitar na minha  chegada e outro em El Chaltén para 9 dias (do dia 23 ao 31). O primeiro hostel era o Bla Guesthouse e o segundo o Lo de Trivi. Em ambos os casos considerei o preço (média de 8 a 10 dólares a pernoite pois inverno é baixa temporada)  e as avaliações.


Eu sairia de PoA dia 21 as 12:20h e chegaria em Buenos Aires (Bs) as 14:05h e de lá tomaria um outro avião para ECa as 5:15h do outro dia (22/07), com previsão de chegada as 8:30h. O que não me foi informado em nenhum momento, nem pela Decolar, nem pela Aerolíneas, é que chegando em Bs eu deveria trocar de aeroporto (isso não fica explícito na passagem, constando apenas os códigos referentes aos aeroportos que se misturam a diversas outras abreviações), o que só fui descobrir quando fui fazer o check in para embarcar. Embora a Aerolíneas disponibilize translado gratuito entre esses aeroportos, que ficam bastante distantes um do outro, tive que morrer em 1000 pesos em um táxi para não perder o vôo (em nenhum momento me foi informado sobre o traslado ou mesmo a troca de aeroportos... tenso).




Eu adoro esse jeito descolado dos "hermanos". Todos esperando vôo e muitos com equipamentos de montanha. Tudo sem frescura!!!


Como estava tendo a Copa do Mundo na Rússia, o aeroporto havia essa enorme bandeira e a camisa do Messi com o autógrafo de todos da seleção argentina de futebol.



Em frente ao Hard Rock Cafe de Bs. Claro que não entrei... a minha meta era economizar ao máximo pois sou apenas um assalariado kkk

  

Nesse momento fiquei bastante ressentido com o prejuízo e esse sentimento demorou um pouco a passar (rsss). Pelo menos o taxista foi muito eficiente e me entregou a tempo de embarcar rumo a El Calafate. Ambos os vôos foram super tranquilos, os serviços de bordo são muito superiores ao da GOL e o embarque e vôos sempre pontuais. Destaque ficou para o lanche servido no vôo internacional entre BR e AR da Aerolíneas: dois sanduíches, um delicioso alfajor (a guloseima é uma especialidade dos "hermanos") e a bebida optei por café puro (gosto sem açúcar e sem adoçante) e mais um copo de água sem gelo.



Delicioso lanchinho do vôo internacional da Aerolíneas Argentinas. Parece pouco mas esses sanduíches me fizeram perder a fome e o alfajor é muito bom!!!


Na segunda parte dessa aventura eu conto como foi a minha chegada em El Calafate e partida para El Chaltén. Clica aí logo abaixo e confira:

Minhas férias em El Chaltén (julho de 2018) - Parte 2

~DICA DO POST~

PS - A dica aqui é ficar esperto nos aeroportos. Quando o seu vôo vem do Brasil você irá pousar no Aeroporto de Ezeiza (EZE), então terá que pegar um translado gratuito para o Aeroporto Aeroparque (AEP), que fica no outro lado da cidade. Para ter direito ao translado é preciso ter um voucher em mãos impresso (eles frisam o tempo todo que precisa estar impresso e que eles não imprimem, abriram uma excessão para mim, na volta, devido as circunstâncias rsss). Esse voucher você consegue junto ao site das Aerolíneas, em serviços.

PS2 - Após conseguir o voucher junto ao site da Aerolíneas Argentinas, chegando em Buenos Aires, você irá se dirigir a Tienda León, onde receberá a  passagem para o translado sentido Aeroporto Aeroparque.

CONFIRA ABAIXO O VÍDEO COMPLETO DESSA AVENTURA
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Minhas férias em El Chaltén (julho de 2018) - Parte 2

Cheguei em El Calafate de madrugada um pouco antes das 8:30h, ainda de noite (lá amanhece por volta das 9:30h no inverno). O aeroporto é muito pequeno (como todos da Argentina) e bonito. 



Lanchinho servido no vôo doméstico da Aerolinas Argentina. Diferença para o voo internacional: sairam os sanduíches e entrou um pacote de cereal. O alfajor foi o destaque e o café é muito bom.



Aeroporto pequeno, mas bem rústico e um pouco exótico. A cara do montanhismo...


Ainda bastante abalado com o prejuízo que tomei no táxi (olha eu falando de novo disso kkk) e assustado com os preços que lá encontrei (fui começar a me adaptar ao câmbio só no final da viagem), fui me informar sobre transporte para El Calafate. Aproveitei também para perguntar em um guichê que oferecia translado direto para El Chaltén, o atendente me olhou com cara de esperto e soltou logo $1000 (mil pesos). Posteriormente descobri que há um ótimo serviço de translado que faz El Chaltén para El Calafate e vice-versa, por $600. 

Bem, paguei $260 (ou seria $290) do aeroporto para El Calafate (o aeroporto fica bem distante da cidade) e fiquei abismado de saber que nem El Calafate e nem El Chaltén (nessa última é até compreensível, pois é muito pequena) não existe serviço de transporte público. O meu transporte me deixa na frente do hostel , o Bla Guesthouse e a atendente olhou meio estranho para o motorista... nessa hora fiquei meio desconfiado, achando que algo estava errado, mas fiquei na minha.



Portal de entrada da cidade. Cultura de montanha em todos os detalhes!!!


Estava fazendo um frio terrível nesse dia e quando a van me deixou na frente do meu hostel, adivinhem??!! Tcharãnnnn... ele estava completamente, absolutamente e totalmente fechado. Isso mesmo! Ele estava com todas as portas trancadas, compensado nas janelas e pude conferir (olhando pelas janelas) que todos os colchões estavam fora das camas. Cara, como os caras disponibilizam reserva pelo Booking.com com a opção de pagar antecipado (ainda bem que selecionei para pagar na hora, em dinheiro) e estão fechados? Surreal.

Andando um pouco ao redor me informei que eles fecham no inverno (mas disponibilizam reserva pelos apps né) para reabrirem na alta temporada. Logo a saída era procurar outro hostel ou hotel com quarto vago ou ir logo para El Chaltén e antecipar a reserva.

A decisão foi partir para El Chaltén logo pois, conseguir quarto em cima da hora é muito caro e o meu dinheiro era muito curto. Antes de ir para a rodoviária fui ao supermercado de El Calafate (as coisas lá são mais baratas que El Chaltén), e comprei diversas coisas para complementar a minha alimentação. Entre elas uma caixa de um alfajor muito top que me saiu a bagatela de $50... isso mesmo, só 50 pesos (algo em torno de 10 reais ou até menos). Cara, que arrependimento de não ter comprado umas 10 caixas dele... putz!!!


Pão de queijo na Argentina também "sô uai".




Antes de partir para El Chaltén dei um "rolézinho" pela charmosa El Calafate.


Cheguei na rodoviária de El Calafate e comprei a passagem para El Chaltén por $600 pesos. A atendente tentou me vender a de volta, tudo saindo a $1100 mas optei por comprar apenas a ida. 

O ônibus bem pontual, amplo, comfortável e viagem super tranquila. Na ida ele parou em um paradouro super elegante, com placas indicando a distância das principais cidades do mundo em um mastro com a bandeira argentina (que na patagônia está por toda a parte). Lá comi uma famosa empanada argentina, um alfajor caseiro e para beber tomei leite quente com mate (dois pacotinhos de chá clássico). Tudo muito perfeito...



Parada de ônibus muito top. O "hermano" que lá trabalha não gostou que eu tentei pechinchar o preço rsss





Empanada, alfajor (que alfajor...) e leite quente com chá!!! Cara... tudo de bom.


No próximo post contarei como foi a minha chegada em El Chaltén... te encontro lá ;)


~DICA DO POST~

PS - Existe uma empresa que faz o transporte mais barato do que as outras e muito bom. É possível pegar o ônibus no aeroporto de El Calafate direto para El Chaltén ou pedir para o motorista te deixar no aeroporto saindo de El Chaltén. Link: http://www.chaltentravel.com e-mail: contacto@chaltentravel.com

PS2 - Antes de partir para El Chaltén passe no supermercado de El Calafate. As vezes você encontra surpresas bem agradáveis na forma de boas promoções. Sem falar que o supermercado mais barato de El Chaltén é bem mais caro que o de El Calafate.

PS3 - JAMAIS PAGUE ANTECIPADO RESERVAS PELO BOOKING.COM. VOCÊ CORRE O RISCO DE ENCONTRAR O LOCAL FECHADO E DEPOIS NÃO CONSEGUIR O RESSARCIMENTO DO VALOR.
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Reveja como foi a primeira parte dessa aventura:

CONFIRA O VÍDEO COMPLETO DESSA AVENTURA
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Minhas férias em El Chaltén (julho de 2018) - Parte 3

Bem, apenas recapitulando, sai de Porto Alegre dia 21/07/2018 para Buenos Aires (Bs) e de lá fiz conexão para El Calafate, chegando na cidade no dia 22/07/2018, onde pernoitaria no Hostel Bla Guesthouse. Como eles estavam fechados no inverno (mesmo vendendo vagas via Booking.com), decidi partir logo para El Chaltén. Acho importante essa recapitulação pois, a partir desse ponto terá início uma história totalmente diferente desses dois dias que foram a minha ida para El Chaltén e por isso divido essa aventura no momento pré e pós chegada a El Chaltén. Enquanto o primeiro me gerou uma certa frustração, desencontro, questionamentos e decepção... a segunda parte foi um sonho mágico e difícil de descrever, de tão perfeito.

Continuando...

Chegando em El Chaltén estava de noite e bastante frio. Assim que você desembarca na rodoviária passa por um posto de informação muito bom e fui logo me informando como chegar no hostel. Tanto em El Chaltén como em El Calafate ninguém fala português, embora saibam falar obrigado e algumas poucas palavras no nosso idioma. Praticamente toda a minha comunicação na Argentina foi feita em inglês pois praticamente se recusam a falar português ou algo perto de um "portunhol". Fica claro que há uma negativa muito grande nesse sentido e preferem a comunicação ao inglês do que tentar algo em uma língua tão parecida como a nossa. Enfim...

Sabia que o hostel ficava do outro lado da cidade, do lado oposto ao da rodoviária. Escolhi ele principalmente por ser o mais próximo do início da trilha que leva ao Fitz Roy (também pelo ótimo preço e boa estrutura). Pensei em ir arrastando a mala até lá, mas naquele frio, uma mala de qualidade duvidosa como a minha (rsss), com dois dias sem dormir direito, optei por negociar um valor com um taxista local. Ele me disse que cobrava $100 (cerca de R$17) para me levar até lá, fechamos em 70 pesos (cerca de R$11). Ainda não estava acostumado com a conversão da moeda e tudo lá ainda me parecia absurdamente caro, embora fosse justamente o contrário. 


Distância do terminal de ônibus até o hostel. Enquanto o terminal de ônibus fica logo na entrada da cidade, o hostel fica no final, próximo a saída para a trilha Laguna de Los Tres, que leva ao Fitz Roy. Mapa da cidade: Clique aqui


Quando cheguei vi as luzes de dentro acesas, pensei... show, quando rodei a maçaneta e a porta estava aberta... perfeito. Melhor ainda quando me dei de cara com uma bancada e encontrei do outro lado o atendente que veio logo me chamando pelo nome:

- Hola, Erich!!! 

Cara... Fantástico. Esse hostel não estava fechado he, he, he...

Trata-se do simpático Manuel, gerente e proprietário do hostel. Ele me perguntou se preferia ser atendido em espanhol ou inglês... o inglês foi a escolha. Depois foi me explicando as regras e dependências do hostel, onde ficava o supermercado, padaria, restaurantes abertos no inverno, etc, etc, etc... Super simpático brincou sobre o Brasil e as praias, falamos de futebol e etc. Tive a opção de ficar sozinho em um quarto ou dividir outro com um brasileiro. Preferi ter mais privacidade e ficar só.





Acabei ficando em um quarto só pra mim no hostel (cortesia da casa). Como iria ficar muitos dias isso foi muito bom. Na última foto é possível ver o estoque de guloseimas... destaque para o alfajor que comprei em El Calafate.


O aquecimento a gás em El Chaltén é fantástico (aqui no RS poderia ser assim) e é impossível sentir frio dentro de qualquer estabelecimento. Tomei um banho quente (maravilhoso) e quando fui na cozinha preparar algo pra comer me deparei com duas garotas que puxei conversa e logo descobri serem da Irlanda.


Aquecimento a gás fantástico!!! Impossível sentir frio.

Como todos ali, elas estavam interessadas nas trilhas e me contaram que pretendiam fazer a Laguna de Los Tres nos próximos dias. Falei que aquela trilha era o motivo principal de eu estar ali e que se elas fossem, gostaria de ir junto. Elas concordaram e falaram que iriam acordar bem cedo no outro dia para buscar informações de qual seria o melhor dia para elas fazerem, já que iriam embora dali dois dias depois (eu ficaria mais 9). Disse que qualquer coisa era só bater no quarto de número 3 (o meu) e me chamar.

Depois fui dormir, programando descansar todo o outro dia e assim me recuperar. Faria apenas curtos passeios pela cidade no dia seguinte e somente depois me jogaria de cabeça nas trilhas. Ledo engano!!! 

No dia seguinte (23/07/2018), por volta de umas 8:40h, uma delas bateu na porta do meu quarto e foi logo dizendo que, de acordo com o centro de informações, a melhor oportunidade seria aquele dia, pois os dois dias seguintes haveria chuva e tempestade de vento, tornando impossível a ida para a Laguna de Los Tres. Esqueci todo o cansaço, falei que já estava me arrumando para irmos. Nem tomei café, fui comendo qualquer coisa pelo caminho mesmo.

El Chaltén é assim, não é você que escolhe quando irá fazer as trilhas e sim se programa nelas de acordo com as condições do tempo. As mais curtas e fáceis deixa para os dias ruins, as mais difíceis ficam para os dias bons...

...e lá fomos nós três. O início das minhas trilhas começaria pela mais bonita e melhor de todas, Laguna de Los Tres. No próximo post confira como foi!!!

CONTINUE LENDO:
PARTE 4

https://amigodamontanha.blogspot.com/2018/08/minhas-ferias-em-el-chalten-julho-de_12.html


RELEIA:

Minhas férias em El Chaltén (julho de 2018) - Parte 1

http://amigodamontanha.blogspot.com/2018/08/minhas-ferias-em-el-chalten-julho-de.html

Minhas férias em El Chaltén (julho de 2018) - Parte 2
http://amigodamontanha.blogspot.com/2018/08/minhas-ferias-em-el-chalten-julho-de_7.html


CONFIRA O VÍDEO COMPLETO DESSA AVENTURA
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Minhas férias em El Chaltén (julho de 2018) - Parte 4

Bem, lá fomos nós três (eu e as duas irlandesas) fazer uma das trilhas mais famosas de El Chaltén: a Laguna de Los Tres. São 10 km de trilha (20 km ida e volta) e cerca de 4h com tempo bom (8h ida e volta com boas condições de tempo). O início da trilha fica bem perto do hostel que eu escolhi para ficar e o tempo no dia não estava nada bom, com muito vento, frio e algumas gotas de chuva esporádicas. Como as duas iriam embora logo, aquela seria a única possibilidade delas fazerem essa trilha e para mim seria uma experiência pois, certamente voltaria nela.

Saímos um pouco tarde (cerca de 10:30h) e tínhamos pouco tempo para tentar voltar ainda com a luz do sol. Logo no começo da trilha você se depara com um lindo mirante, o Mirador Cerro Torre, que te dá uma visão bem legal de um vale. Fui lá, tirei algumas fotos, fiz algumas filmagens e continuei. A medida que fomos avançando desse ponto encontramos a trilha coberta de gelo e sério, todo cuidado é pouco para não cair ali (o correto no inverno é usar grampões de gelo). Depois começamos a passar por alguns pontos onde havia uma forte ventania e o tempo estava terrível. Céus escuro, frio e muito, mas muito vento. 


Um pouco antes de chegar no Mirador Cerro Torre. Arvores retorcidas no chão e outras que rangiam ao vento... paisagem bem comum em alguns pontos da trilha.




Vista do Mirador Cerro Torre. Lindíssimo... muitos nem passam dali!!!

Chegamos ao mirante que tem uma bela vista para o Fitz Roy. Pena que o mau tempo não nos deixou ver a montanha, encobrindo a mesma com neblina e nuvens. Pouco depois desse ponto encontramos um chinês que estava voltando, havia desistido devido aos fortes ventos. Eu disse que iria continuar e as minha companheiras de trilha também iriam. Eu estava muito determinado a completar aquela trilha. 



 Mirante Fitz Roy. Nesse dia o mal tempo não ajudou muito.


Em alguns trechos o vento balançava as árvores, dando a sensação de que estava entortando-as. Era possível escutar elas rangindo. Cara, isso dava um puta medo!!! Porque em alguns pontos elas meio que abraçavam a trilha. A trilha é repleta de árvores secas, algumas mortas e há avisos por toda a parte falando do perigo de queda de alguma delas.

Chegamos ao acampamento Poincenot. Um acampamento gratuito, com uma boa estruturas e regras. No inverno é proibido acampar lá e aproveitamos todos para usar o banheiro (sim, lá no camping tem banheiro). Depois desse ponto a coisa começou a complicar. A medida que íamos nos aproximando do majestoso Fitz Roy, começava uma subida muito íngreme, com neve e o pior... a trilha estava completamente coberta por uma grossa camada de gelo. No começo da trilha você encontra gelo e consegue caminhar sobre ele sem cair, mas naquele ponto cara, não tente. Eu cai uma vez e não me machuquei muito. Apenas aquela sensação ruim de descer a trilha deslizando no gelo, o que consegui parar apenas com o uso de bastões. Mas como o meu óculos ficou no meio da trilha, no meio do gelo, lá fui eu tentar buscar. E aí caí muito feio sobre o meu ombro direito, batendo a cabeça no gelo. Uma das garotas, preocupada, perguntou se eu estava bem... respondi que sim e seguimos. Entretanto, o meu ombro doía muito, não conseguia mexer. Improvisei uma imobilização e evitei caminhar sobre o gelo ando por fora da trilha.





No caminho você se depara com paisagens incríveis. Sim, eu estive lá!!!

Depois de passarmos o mais difícil, você desce um lance e se depara com um pequeno lago congelado, com um precipício no seu lado esquerdo (de quem está indo no sentido para o Fitz Roy). Estava tudo bem até começar uma série de ventos fortes. Era preciso se abaixar para não ser levado. Sério, se você não se abaixasse, você era jogado no precipício, sem exagero rsss. 

A ventania ali era pontual. Acontecia em locais específicos e com intervalos parecidos. Eu expliquei isso para as meninas. Uma delas falou que era loucura arriscar a vida ali e que deveríamos voltar. Eu disse que iria tentar um pouco mais (estávamos muito próximos do fim da trilha), a sua amiga me seguiu nessa decisão e completou dizendo que se a sua colega quisesse poderia voltar. Claro que ela não iria querer voltar sozinha e seguiu conosco.


Após esse ponto a situação que já estava critica, ficou ainda pior!!! Confira o vídeo.


Fitz Roy é logo ali!!! Difícil desistir... pode não parecer, mas o vento ameaçava tirar a câmera da sua mão o tempo todo.

Adotamos a tática de correr sempre que a ventania parava e nos abaixar quando ela recomeçava, esperando parar novamente para continuarmos. Sem perceber fui me distanciando das duas e todo o entorno do Laguna de Los Tres estava coberto por neve, o que é um perigo. A neve encobre muitos buracos e fendas, aumentando o risco de uma queda. Como havia pisado em alguns pontos em que afundei até a cintura... escutei os gritos conselhos delas e tirei algumas fotos de longe mesmo. 




Nesse dia isso foi o mais próximo que cheguei de Laguna de Los Tres e do Fitz Roy. Valeu todo o esforço ;)

Quando decidi voltar começou uma tempestade de vento, com neve, areia, pedra e tudo que podia levar. Naquilo não conseguia ver muita coisa na minha frente e já não lembrava o caminho de volta. Sorte minha que as garotas não foram embora e começaram a gritar chamar o meu nome. Fui ao encontro delas e disse que eram os meus anjos, minhas salvadoras rsss... perguntei se elas lembravam o caminho (ali já não há mais marcação), uma delas me olhou cheia de orgulho e disse que sim S2.

Quando começamos a voltar encontramos uma equatoriana que quando viu o nosso estado (todos acabados) diante daquele tempo horrível, pediu para uma das garotas tirarem uma foto dela ali mesmo pois, não iria se arriscar naquele trecho terrível sozinha.

Registro feito, voltamos os quatro e assim que passei pela parte mais difícil, parei para comer algo (o meu corpo pedia por comida desesperadamente). A equatoriana se juntou a mim (as irlandesas já estavam lá na frente) e ela me deu um chocolate muito bom (segundo ela era o melhor do seu país) e eu cortei salame (falei que era o melhor do meu país também kkk) e dividi com ela (ela adorou). 

Continuamos a volta e as vezes as irlandesas nos esperavam, as vezes sumiam. Eu estava morto, com muita dor no ombro. Pra piorar cai mais umas 3 vezes por cima do mesmo ombro machucado (parecia até praga... aff).

Retornamos por volta das 18:40h. Comi alfajor, tomei leite, um banho quente e fui dormir... ainda com todas as lembranças daquela experiência incrível e certeza que voltaria... mas isso fica pra depois.


Essas duas foram as minhas companheiras de aventura nesse dia. Sei que eram duas Helen!!!


Confira no próximo post como foi o dia seguinte dessa aventura:
PARTE 5

http://amigodamontanha.blogspot.com/2018/08/minhas-ferias-em-el-chalten-julho-de_20.html

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RELEIA:


PARTE 1

PARTE 2

PARTE 3


CONFIRA O VÍDEO COMPLETO DESSA AVENTURA
(NÃO ESQUEÇA O LIKE)
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Minhas férias em El Chaltén (julho de 2018) - Parte 5

Após a experiência fantástica, os dois dias seguintes foram impraticáveis para trilha devido ao tempo. Aproveitei e tirei esses dois dias para descanso e assim me recuperar do ombro ainda muito inchado e com movimentos limitados. Oportunidade ótima para conhecer a cidade em curtos passeios.


Dia de descanso e um passeio pela cidade!!!


Procurei uma farmácia pela cidade para me medicar. Com o isso o meu ombro desinchou bastante em 3 ou 4 dias (diminui para um 1/3 do edema incial) e recuperei boa parte dos movimentos. Mantive ele semi-imobilizado desde então. A farmácia em El Chaltén não é cara e fica aberta quase todos os dias (ou todos). Como farmacêutico adoro conhecer e saber como funciona o sistema de dispensação de medicamentos em cada país que visito.

Quanto a comprar suvenires e comida, tive um problema nesses dias: devido a forte ventania e chuva, houve falta de energia. O supermercado e quase todo resto do comércio estava fechado por conta disso (menos a farmácia, por questões óbvias). Pelo o que eu fiquei sabendo, a falta de energia é algo bem comum por aquelas bandas e os moradores locais sempre justificam esse fato dizendo que você está na Patagônia, quase no fim do mundo kkkk.

A cidade é completamente linda!!! Todas as casas são de uma beleza ímpar e arquitetura caprichada de montanha. Há muitos cachorros pelas ruas que, embora possuam os seus donos, vivem soltos em perfeita harmonia com a cidade (não vi nenhum coco de cachorro pela rua). As ruas são extremamente limpas e o asfalto, onde há, é perfeito, sem buracos ou falhas. Calçadas boas, cesta de lixo por toda a parte e nenhum lixo no chão. Lugar de cinema.






A cidade é linda em todos os aspectos. Limpa, bem planejada, arquitetura combinando!!! 


Ao contrário de El Calafate, todos em El Chaltén são extremamente hospitaleiros, simpáticos e prestativos. Sempre há alguém que sabe falar inglês em algum ponto da cidade para facilitar a comunicação com os turistas. A arquitetura da cidade é lindíssima, nada grandioso, mas tudo de extremo bom gosto. A escola, que acredito ser pública, é linda. Bilíngue e com muro de escalada em níveis diferentes e para diferentes idades. A cidade respira os esportes de montanha. Há inúmeras estátuas retratando cada modalidade e os seus praticantes.






As estatuas que homenageiam os muitos aventureiros que visitam El Chaltén!!! Trilha, escalada, ski... uma delas é você...

El Chaltén é uma cidade aberta as pessoas de todas as partes do mundo, seja turista ou trabalhador. No verão a cidade recebe pessoas de todas as partes do planeta e não apenas para passear, mas também para trabalhar. Isso agrega muito em qualidade nos serviços prestados. Para se ter uma ideia, fui em um restaurante e logo perguntaram a minha nacionalidade e ao responder brasileiro já direcionaram o meu atendimento para um uruguaia que fala português.




Você não precisa de guia, mas se quiser encontra várias agências.









A cidade é linda. As agarras de escalada nos brinquedos infantis da praça ou nos vários muros da sua única escola... tudo lembra o montanhismo.


Nesses dois dias passeando pela cidade conheci um grupo de espanhóis e descobri que estavam no mesmo hostel que eu. Combinamos de fazer a trilha para Laguna Toro juntos... mas isso fica para o próximo post. I see you later... until there!!!


Até os cachorros da rua são simpáticos além de terem cara de montanhistas kkk Fiquei na dúvida se esse é um cão ou um coiote rsss



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LEIA O PRÓXIMO POST:


https://amigodamontanha.blogspot.com/2018/08/minhas-ferias-em-el-chalten-julho-de_62.html

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RELEIA TAMBÉM:

Minhas férias em El Chaltén (julho de 2018) - Parte 1

https://amigodamontanha.blogspot.com/2018/08/minhas-ferias-em-el-chalten-julho-de.html

Minhas férias em El Chaltén (julho de 2018) - Parte 2
https://amigodamontanha.blogspot.com/2018/08/minhas-ferias-em-el-chalten-julho-de_7.html

Minhas férias em El Chaltén (julho de 2018) - Parte 3
http://amigodamontanha.blogspot.com/2018/08/minhas-ferias-em-el-chalten-julho-de_10.html

Minhas férias em El Chaltén (julho de 2018) - Parte 4
https://amigodamontanha.blogspot.com/2018/08/minhas-ferias-em-el-chalten-julho-de_12.html



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